Os trabalhadores que aderiram ao saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e foram demitidos sem justa causa poderão sacar os recursos depositados pela empresa antes da dispensa. Na sexta-feira (28), o governo federal publicará medida provisória liberando os recursos, confirmou o Ministério do Trabalho e Emprego.
A medida beneficiará 12,1 milhões de trabalhadores dispensados desde janeiro de 2020 até a data da publicação da MP e injetará R$ 12 bilhões na economia. Segundo o Ministério do Trabalho, os valores serão creditados na conta cadastrada no FGTS em duas etapas.
Na primeira etapa, será depositado valor até o limite de R$ 3 mil da parcela depositada pelo empregador anterior. Se o valor for superior, o saldo restante será liberado numa segunda etapa, 110 dias após a publicação da MP.
A liberação ocorrerá apenas nessas duas fases.
Depois desse prazo, os trabalhadores que optarem pelo saque-aniversário e forem demitidos não poderão acessar o saldo, que permanecerá retido.
Nesta terça-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniria com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e as centrais sindicais para comunicar a medida. No entanto, o encontro foi adiado por problemas de agenda, informou o Palácio do Planalto. Durante a tarde, Lula se reuniu com Nísia Trindade, quando comunicou-a da saída do cargo de ministra da Saúde.
Criada em 2019 e em vigor desde 2020, a modalidade do saque-aniversário permite a retirada de parte do saldo de qualquer conta ativa ou inativa do fundo a cada ano, no mês de aniversário.
Em troca, o trabalhador não poderá sacar o valor depositado pela empresa em caso de demissão sem justa causa, apenas a multa rescisória.
O período de saques começa no primeiro dia útil do mês de aniversário do trabalhador. Os valores ficam disponíveis até o último dia útil do segundo mês subsequente.
Caso o dinheiro não seja retirado no prazo, volta para as contas do FGTS em nome do trabalhador.
Fonte: Agência Brasil
Santa Catarina vive um momento ímpar em sua economia, com destaque nacional: baixo índice de desemprego, PIB acima da média nacional, indústria produzindo e exportando para todo o mundo, e um fluxo turístico intenso. Os empresários catarinenses celebram esse bom momento no cenário nacional e internacional.
No entanto, essa realidade não se reflete nas negociações do piso salarial estadual. Esse piso, com quatro faixas salariais, atinge diretamente os trabalhadores e trabalhadoras não organizados, ou seja, aqueles que não possuem representação sindical e não estão contemplados nas convenções coletivas de trabalho. O piso estadual é uma conquista importante do movimento sindical catarinense, negociada há quinze anos com os grandes empresários do estado.
A primeira negociação do piso estadual, realizada em 2010, apresentava uma diferença significativa em relação ao salário mínimo nacional, com um acréscimo de 15% em valores reais. Ao longo dos anos, essa diferença diminuiu consideravelmente.
Diante do atual cenário econômico catarinense, é inadmissível que o movimento sindical aceite um reajuste do piso estadual inferior ao índice do salário mínimo nacional, que foi de 7,51%. Além das justificativas já apresentadas, enfrentamos uma das cestas básicas, aluguéis e transportes coletivos mais caros do país. Este é o momento do movimento sindical catarinense exercer seu papel político e garantir a recomposição do poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras que recebem os menores salários do estado.
Portanto, temos a responsabilidade histórica de sermos protagonistas na defesa dos interesses coletivos da classe trabalhadora catarinense. Caso contrário, corremos o risco de, em breve, o nosso piso estadual se aproximar tanto do salário mínimo nacional que a negociação se tornará desnecessária, bastando aplicar o índice nacional. Esta é a hora de demonstrar a unidade e a força do movimento sindical catarinense.
Rogério Manoel Corrêa
Secretário Geral da CUT/SC
O debate “Decifrando os preços dos alimentos”, reuniu na noite de quinta-feira (13), na sede da Fundação Perseu Abramo, especialistas que discutiram os desafios e soluções para baratear os alimentos, em tempos de alta em todo o mundo.
José Giacomo Baccarin, economista e agrônomo, com experiência em políticas públicas, relatou que os preços dos alimentos vêm subindo há 18 anos em todo o mundo. No Brasil o preço da comida subiu no governo de Jair Bolsonaro numa média anual de 10%. Em 2020, a inflação brasileira foi de 4,5% e a da alimentação foi de 14%. No atual governo Lula, a alta ficou em média anual de 4%. Mas, a partir de setembro do ano passado os preços das carnes bovina e suína dispararam 23%. Essas proteínas são responsáveis 65% da inflação dos alimentos.
Num breve histórico sobre os preços, Baccarin lembrou que o preço da cenoura subiu mais de 50%, mas que isso não pode ser considerada inflação e sim um repique de preço.
“A flutuação dos preços dos alimentos é algo conhecido. Em 18 anos ficaram em média 8% mais caros e a inflação ao consumidor cresce 5,7% ao ano, aí você tem uma inflação de alimentos. Como o alimento subiu pouco em 2023, na verdade, o alimento no domicílio que a gente compra hoje na maior parte no supermercado já caiu um pouquinho de preço, nós achamos que estava resolvido. E o ano passado deu uma reversão”.
Baccarin explicou ainda que embora pareça estranho, a grande produção agrícola do Brasil é responsável pelos aumentos dos alimentos, a partir dos anos 1990 e que se intensificou nos anos 2000.
“Nós temos um dinamismo no mercado internacional maior do que os nossos concorrentes, que são os Estados Unidos e a União Europeia. E quando falta algum produto é um problema localizado”.
Segundo ele, a causa dos atuais preços praticados aqui é a de que os produtores preferem exportar, num momento em que o alimento está 50% mais caro no mundo. Para Baccarin isso é uma conquista do país, das pesquisas que envolveram órgãos do governo brasileiro e não é uma vitória do agronegócio.
“Essa turma do agronegócio já é muito boa de bico, de propaganda, por que nós viramos um grande exportador? Porque nós desenvolvemos tecnologia no Brasil e, muita gente teve participação como no caso da Embrapa, das universidades. Nós desenvolvemos algo que não existia e nós temos a melhor raça zebuína do mundo, que é um boi que veio da Índia, lá eles consomem carne. Então, a tecnologia que nós desenvolvemos é muito boa e nós somos competitivos no mercado internacional. E não falta produção no Brasil. Esqueçam isso. Isso é pontual. Não falta, não tem excesso de demanda no Brasil. Ah, brasileiro, tem mais bolsa de família, tem mais emprego, salário mínimo aumentou. Tem mais renda, vai consumir mais. Não é por aí", analisa.
José Giacomo Baccarin
A socióloga e diretora-técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Adriana Marcolino, concordou com Baccarin de que os aumentos nos preços dos alimentos não podem ser creditados ao aumento do consumo por causa dos melhores índices de emprego, renda e de políticas de transferência de renda.
A diretora-técnica do Dieese fez críticas ao mercado financeiro que, segundo ela, têm interesse em responsabilizar a população mais pobre pela alta dos preços em função do aumento do consumo, para pressionar o governo federal a fazer cortes em investimentos sociais.
“Eu tenho a impressão de que teve um alerde demasiado pelo mercado financeiro, para dizer que a gente precisa de medidas que controlem o consumo, e essas medidas são a de aumentar os juros, retrair a economia, aumentar desemprego, reduzir o consumo de alimentos e que população volte ao quadro de insegurança alimentar”.
Munida de gráficos, Adriana demonstrou os dados de segurança alimentar de 2020 a 2022 em que 32.8% da população estava em insegurança alimentar, sendo que deste total 9.9% estava em insegurança alimentar grave. Mas que de 2021 a 2023 houve uma queda na insegurança alimentar em 18,4%, segundo a FAO, organização que combate à fome no mundo, ligada a ONU.
A gente não pode cair na armadilha, no alarde, feito pelo mercado financeiro, de que a gente tem que controlar os preços a partir do aumento de juros
Independentemente dos alardes estimulados por interesses políticos e econômicos, de 2016 a 2022 houve um achatamento de salário, com um aumento no preço dos alimentos. E hoje, o salário ainda não recuperou a elevação mais recente desse aumento. Ressaltando que em 2019, Jair Bolsonaro (PL), acabou com a política de valorização do salário mínimo.
Além da perda de renda, condições climáticas no Brasil e no mundo pressionaram os preços dos alimentos.
Um exemplo é o café que aumentou 50% de 2023 a 2024, a partir dos reflexos dos problemas de produção do produto no Vietnã, e a especulação na bolsa de valores que foram sentidos aqui no país devido a essa alta na exportação brasileira.
Outro problema associado ao aumento dos preços, citado por Adriana Marcolino, foi o desmonte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a partir de 2016, no governo de Michel Temer, quando o Brasil parou de investir nos estoques reguladores dos alimentos não perecíveis.
Altivo Almeida Cunha, doutor em economia e consultor da organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), para abastecimento alimentar na América Latina e Caribe disse que o processo de elevação de preço de alimentos é estrutural; que o produto que será produzido há alguns meses, já foi vendido, no chamado mercado futuro e, por isso, o ciclo para a regulação dos preços é muito mais longo.
“Mercado futuro é o sujeito, eu te pago hoje e você me entrega daqui a seis meses. E assim que a conexão dos mercados internacionais e das bolsas de grãos e de produtos funcionam. Os produtores de café hoje já venderam a produção que vai entrar. Então, não vai chegar a safra e encher de produto, porque o mercado futuro funciona disso. Tem muita gente que já vendeu a produção antes”, diz o consultor da FAO.
Mas uma das coisas importantes na questão do preço dos alimentos, continua, é o acesso à disponibilidade e os problemas de logística encarecem os preços.
“Vivemos num país continental, onde a industrialização não é equilibrada, a agricultura também não é equilibrada, então existem regiões que estão mais próximas de locais produtores e as que estão mais longe e a gente não tem a cadeia logística dos nossos sonhos, que envolve custos e como é que isso chega na vida do povo”.
Para ele, uma das maiores gravidades feitas foi o desmonte do Programa de Aquisição de Alimentos (PPA). Em 2021, no governo Bolsonaro, o PAA foi substituído pelo Programa Alimenta Brasil, que, segundo avaliação de movimentos populares, era limitado e foi descaracterizado. O PPA foi retomado por Lula em 2023.
“Foi criminoso, porque era uma das políticas mais brilhantes. Você compra do produtor, paga num preço que seria do atacado e o vende na própria região. Então, nós tivemos um enfrentamento da questão da insegurança alimentar com o produto que você consumiu na própria região. As Ceasas também possuem um papel fundamental ao aumentar a oportunidade para vendas. Não é tão grande, mas ele cria oportunidades de acesso de alimentos para localidades que estão mais distantes, que têm mais problemas logísticos e o governo não se utiliza dessa ferramenta que poderia antecipar as crises dos preços dos alimentos sabendo das médias históricas, mas não faz isso”.
Propostas
Para baixar os preços de uma maneira geral, o agrônomo José Giacomo Baccarin, recomenda que o governo brasileiro invista mais em crédito rural e assistência técnica para os agricultores familiares de feijão, arroz e leite, por exemplo.
“Está na hora de a gente pensar numa ação mais efetiva, voltada para produtos que nós não temos uma grande competitividade no mercado internacional e que sejam produzidos por agricultores familiares. A gente tem toda a condição de baixar os preços e talvez esse ano já volte para o patamar mais adequado, mas precisamos dar boas respostas às reclamações do povo”.
Adriana Marcolino ressalta que parte desses problemas, vieram para ficar, como a crise climática. “O impacto dos preços internacionais no preço dos alimentos aqui, mesmo com o recuo do câmbio, ainda é crucial. Se temos alimentos que interferem na nossa produção, precisamos reforçar políticas - principalmente para a agricultura familiar - que garantam alimentação acessível para a população”.
Ao mesmo tempo em que acredita que a atual situação vai perdurar por mais tempo, ela diz que ainda assim é possível reverter essa situação.
“É preciso reforçar ainda mais, as políticas que podem garantir alimento mais acessível para a população brasileira, particularmente as políticas para agricultura familiar, de acesso à terra, crédito, política de comercialização, assistência técnica, promoção de produção de alimentos, que fazem parte dessa cultura alimentar brasileira. E também promover políticas específicas para promover o aumento dessa produção aqui no Brasil, e que haja medidas de que esses alimentos cheguem no prato dos brasileiros e não seja totalmente exportado. Também tem um conjunto de outras políticas que é possível promover, de eliminação dos intermediários, que melhora tanto o preço para o consumidor como melhora o ganho de renda para o produtor” defende Adriana.
A mudança na tributação dos produtos da cesta básica pode garantir a redução, desde que ela chegue no consumidor e não se perca ao longo da cadeia, para que a população seja beneficiada com a redução tributária, acredita a diretora do Dieese.
“A gente não está propondo o controle de preços, Nós temos expertise; o governo Lula tem expertise em políticas de produção de alimentos, de políticas de apoio à agricultura familiar, mas a gente precisa ampliar e acelerar os resultados dessa política para que de fato a população comece a sentir ali no bolso e no prato, os efeitos das políticas de abastecimento e de produção aqui no Brasil”, concluiu.
Para Altivo, é preciso buscar eficiência em relação aos estoques reguladores, o que não foi feito. Ao contrário, acabaram com os estoques.
“Como é que tem que ser feito o estoque de grão? Você compra. Daqui a pouco você vende. É uma coisa dinâmica, você não tem que anunciar, você tem que ter uma política de ter uma quantidade, e isso para produzir, principalmente, o milho, que é o elemento fundamental dessa roda complexa, porque é a alimentação para a produção de carnes, de aves”, diz.
Altivo acrescenta que do ponto de vista de estoque, é necessário que o país tenha uma política dinâmica, de compra e venda, para ter um “colchão de amortecimento”.
Segundo o consultor da FAO, as Ceasas são espaços importantes que estimulam produtores menores a venderem, e cria oportunidades de acesso de alimentos para localidades que estão mais distantes que possuem problemas logísticos. E o governo não utiliza esse mecanismo.
“A disponibilidade de alimentos não é para todos. Se o local de oferta de alimento fica longe da moradia, é mais custoso. Gerar comboios, dando espaço aos comerciantes e acesso à população”.
Há um plano nacional que faz a articulação desses projetos urbanos de abastecimento. Ele tem que sair, está pronto, custa pouco
A segunda roda de negociação para o reajuste do Piso Salarial Estadual em 2025 foi marcada pela disparidade entre as propostas feitas pelos trabalhadores e pelos patrões e, por isso, não foi possível chegar em um acordo. A rodada de negociação aconteceu nesta quinta-feira (30), na Fiesc, em Florianópolis, e contou com a presença de dirigentes de 32 entidades de trabalhadores, entre Centrais, Federações e Sindicatos. O Secretário Geral da CUT-SC e presidente do SEEF, Rogério Manoel Corrêa, participou representando a central.
A negociação chegou a ser interrompida por alguns minutos devido ao disparo do alarme contra incêndio, o que levou à evacuação total do prédio da federação patronal. Uma nova rodada foi agendada para as 14h do dia 21 de fevereiro (sexta-feira), no mesmo local.
O ponto de partida utilizado como referência para os representantes dos trabalhadores, na negociação, ficou entre o reajuste concedido ao Salário Mínimo Nacional, de 7,51%, e a proposta inicial entregue ainda no ano passado, de 10%. Pelo lado patronal, a proposta inicial ficou entre o INPC, de 4,77% em 2024, e 7,51%.
“São 16 anos que a gente negocia, a estratégia do patrão é pagar o mínimo possível e a nossa é buscar um reajuste dentro da realidade, tendo como parâmetro o salário mínimo e a proposta de 10%. Não se justifica a gente negociar sem aumento real”, avalia o diretor sindical do Dieese, Ivo Castanheira, que coordena as negociações. Para o presidente da NCST/SC, Isaías Otaviano, os números estão muito distantes para chegar a um acordo: “Vamos continuar avançando para levar o melhor resultado para os trabalhadores e trabalhadoras”, resume.
A primeira rodada de negociações para o reajuste do Piso Salarial Estadual de Santa Catarina em 2025 aconteceu nesta terça-feira, 3 de dezembro, na sede da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), em Florianópolis. Este ano, os trabalhadores reivindicam um aumento de cerca de 5% de aumento real para as quatro categorias do Piso. O presidente do SEEF e Secretário Geral da CUT-SC, participou da negociação representando a central.
O Dieese apresentou dados que justificariam um aumento real de 5% no piso, com base no crescimento do PIB, na redução do desemprego e no aumento da renda em Santa Catarina. A supervisora técnica do Dieese, Crystiane Peres, destacou a previsão de crescimento econômico acima de 3,5% para 2024 e a retomada de setores como a indústria e a construção civil. "Em Santa Catarina, o desemprego está em 3,2% e a renda cresceu 5,4%. É o momento de implantar a redução da jornada de trabalho", afirmou, referindo-se ao Projeto de Lei que propõe o fim da escala 6x1.
O economista do Dieese, Daniel Monte Cardoso, complementou a análise, mostrando que a indústria catarinense cresceu quase 7% e que nove segmentos tiveram desempenho superior à média nacional. Para finalizar, Daniel lembrou que a capacidade instalada da indústria em SC está em 89%.
O coordenador da comissão dos trabalhadores, Ivo Castanheira resumiu o seu sentimento de que o que se negocia é o reajuste do Piso Estadual, tão somente, e não uma convenção coletiva que tem até 60 cláusulas sociais que também impactam em custos. “Aqui só se negocia salário “, ponderou Castanheira.
A primeira rodada de negociações terminou sem uma contraproposta do setor patronal. Uma nova reunião está marcada para o dia 30 de janeiro.
Um instrumento dos trabalhadores na defesa dos seus direitos. Ele apresenta as principais garantias previstas na legislação e nas convenções e acordos coletivos de trabalho assinadas pelo Sindicato.